sábado, 4 de maio de 2013

Do viver


Do viver até aqui
Encontramos pessoas
Que prometem nos amar
Aonde quer que elas forem

Do viver até aqui
Essas promessas nos dão força
Olhamos o longo caminho
Acreditamos que é coisa boa

Do viver até aqui
A sorte é para todos
Conquistaremos os nossos sonhos
Descobriremos novos amores

Do viver até aqui
A mentira se fez de rei
Do viver até aqui
O meu dever é não morrer.

Quem sou eu

Meu nome é Dayane, tenho 16 anos e moro na Vila Formosa. Não tenho medo de você saber disso e querer colar por lá, não. Mas se eu fosse você, não colaria. Selva de pedra, um inferno manso. Moro com minha mãe  e meus dois irmãos, Neco e Maycon, 3 e 5 anos. Mãe auxiliar de limpeza,  pai desconhecido. Minha mãe falou que ele morreu de febre amarela no Amapá, onde eu nasci. Mas não conheço nada de lá, Só visitei pelo mapa.

Morar na comunidade não é fácil. Ainda mais quando você não quer viver aqui pra sempre. É como se desde que me entendo por gente, eu soubesse que não pertenço aqui. Não sou daqui, não. Nem de Amapá. Tô aí pra descobrir daonde eu sou.

Parei de frequentar a escola. As tias pensam que eu virei perdia, que eu tô de migué ou grávida de algum mané daqui. Eu não estudo, mas não sou burra. Sei que tenho virtudes e que por enquanto tô cuidando dos meus irmãos até ter condição de tornar uma grande mulher.

Entre viver e sobreviver, há a poesia.

Tô aqui pra escrever.